Descoberta surpreendente revela que área ocupada por cidade paulista já foi um vasto deserto de areia no período Cretáceo. Hoje uma região urbana, esse território era, há cerca de 140 milhões de anos, parte do paleodeserto de Botucatu, um dos maiores da América do Sul.
🌵 Do deserto ao sedentarismo: a metamorfose geológica
Durante o fim do Jurássico e início do Cretáceo, ventos intensos depositavam camadas imensas de dunas no que hoje é o interior de São Paulo, abrangendo até Minas Gerais e Uruguai. Essas dunas compunham o deserto de Botucatu, cuja areia se acumulava e estruturava uma bacia gigantesca – a Formação Botucatu, que integra a Bacia do Paraná. É esse mesmo arenito que compõe o aquífero Guarani, vital para o estado.
🦕 Vestígios fossilizados: pegadas no arenito
Animais pré-históricos deixaram impressões nas dunas, que com o tempo foram enterradas por novas camadas de areia. A pressão e os sais minerais cimentaram essas camadas, transformando-as em arenito fossilizado, preservando rastros de dinossauros e pequenos mamíferos. Hoje, essas pegadas estão visíveis em lajes retiradas de pedreiras, instaladas como pavimentação em cidades como Araraquara e São Carlos.
🏛 Da rocha à cidade: legado geológico e cultural
A colcha de arenito moldou o relevo e popularizou a extração de rochas para construção, influenciando o uso local do solo. Além disso, a Formação Botucatu é fundamental para entender o evolução geológica da Região Sudeste, revelando transições do clima e da paisagem ao longo de milhões de anos.