Rádio Sertanejeiro
Enquanto nas grandes cidades o Dia dos Namorados é marcado por reservas em restaurantes caros, filas em shoppings e posts patrocinados nas redes sociais, no interior do país o amor ganha outro ritmo — mais simples, mais sincero e, segundo muitos, mais verdadeiro.
Entre estradas de terra, cartas escritas à mão e serenatas sob a lua, casais de pequenas cidades e zonas rurais mantêm viva a tradição de celebrar o amor com gestos que parecem saídos de outro tempo.
🌾 Corações que batem longe do 5G
Em Itambé, no sertão da Bahia, seu Antônio, 74, e dona Maria, 70, casados há 51 anos, contam que o segredo está no “respeito e no café coado na hora”. “Aqui, o presente não é comprado, é plantado”, diz ele, segurando um ramalhete de flores do campo colhidas do quintal.
Na mesma região, jovens como Júlia e Mateus, ambos de 19 anos, mostram que o amor no interior também se reinventa. Morando em sítios distantes, a comunicação é feita por rádio amador. “A gente se marca pra se encontrar no açude. Lá não tem sinal de celular, mas tem abraço de verdade”, conta Júlia, sorrindo.
💌 Quando não tem delivery, tem cavalo
Em Paraisópolis (MG), um agricultor acordou às 4h da manhã para levar uma carta de amor escrita à mão até a fazenda onde sua namorada trabalha. A distância: 12 km a cavalo. “Aqui o romantismo não morreu. Só trocou o carro pelo cavalo”, brinca o lavrador.
A tradição do namoro à moda antiga também aquece o comércio local. Floriculturas artesanais, padarias com bolos personalizados e feirinhas que vendem cartões bordados à mão viram ponto de encontro nesta época do ano.
💔 Nem tudo são flores
Mas nem tudo são histórias de amor com final feliz. Em muitos lugares, a distância, a rotina no campo e a falta de recursos dificultam encontros. “A gente se ama, mas só se vê de quinze em quinze dias. A lida com o gado e a roça não espera”, diz Laura, de Barreiras (BA), com os olhos marejados.
Mesmo assim, ela prepara uma surpresa: um áudio cantando uma moda de viola para o namorado, que trabalha em outra fazenda. “É o que dá pra mandar, mas é com o coração.”
❤️ No interior, o amor não precisa de likes — só de tempo e verdade
Enquanto a correria das cidades engole flores, jantares e promessas, no interior o Dia dos Namorados é feito de olhares longos, silêncios confortáveis e gestos pequenos que dizem tudo. Por lá, amar ainda é verbo conjugado no presente — e vivido com o coração inteiro.